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No Brasil, no Chile e no México, a principal preocupação na hora de voltar a viajar para o exterior é financeira.

(Getty Images)

Em um cenário de pandemia que dura meses, incertezas sobre a volta à normalidade são diversas. E esse questionamento é ainda mais delicado quando se trata do setor de turismo. Afinal, quando voltaremos a viajar?

As inseguranças que assombram os viajantes e turistas, mesmo em uma futura retomada, são várias: volta do vírus, a estrutura turística do destino em um cenário pós-pandemia, a cotação das moedas estrangeiras – tudo isso complica os planos de uma possível retomada das operações do setor.

O buscador de voos Viajala fez uma pesquisa com três mil usuários de seis países da América Latina, incluindo o Brasil, para saber quais são as expectativas dos latinos para viagens nacionais e internacionais ainda este ano e no cenário pós-pandemia.

Expectativas e perspectivas

Segundo a pesquisa, o futuro cenário de viagens nacionais é mais incerto para argentinos, colombianos e chilenos. No mínimo 40% dos usuários dessas nacionalidades responderam não ter ideia de quando poderão voltar a fazer viagens dentro de seus próprios países.

Os brasileiros, por outro lado, são demonstram a maior segurança neste aspecto: apenas 27% declararam não saber quando voltarão a viajar dentro do Brasil.

Para o cenário de viagens internacionais, a insegurança dos viajantes fica ainda mais clara. Os usuários de México, Brasil e Colômbia são os mais preocupados com viagens internacionais, todos com mais de 60% declarando não saber quando voltariam a viajar para fora do país.

Os dados mais díspares são brasileiros: enquanto apenas 26% têm dúvidas sobre suas futuras viagens nacionais, 66% não têm ideia de quando viajará pelo exterior novamente.

“As pessoas estão inseguras, não só para viajar: para sair de casa mesmo. Então é muito difícil pensarmos em uma retomada expressiva nesse momento em que os números [de infectados e mortos] crescem todos os dias”
 explica Luísa Dalcin, diretora de comunicação do Viajala em entrevista ao InfoMoney.

Ainda segundo os dados do buscador, 15% dos entrevistados brasileiros se dizem muito preocupados sobre como estará o funcionamento dos pontos turísticos e outros 15% afirmaram temer uma segunda onda do novo coronavírus.
Para Luísa, os destinos nacionais são a “rede de segurança” de quem quer viajar ainda este ano, já que não há como prever como se comportarão os outros países em relação à abertura de fronteiras e quanto vai estar custando o dólar nesse momento, explica Luísa.

“As viagens nacionais são, em teoria, mais garantidas por serem mais curtas, mais baratas e porque, devido ao cenário, podem ser organizadas mais em cima da hora, sem tanta antecedência”

Porém, a diretora pondera ao dizer que, ainda que o setor comece a retornar suas operações aos poucos no Brasil, essa retomada será muito lenta e regional, disse a diretora.

“Acredito que esse esboço de retomada será regional, de cada estado ou região começar em um momento diferente, até mesmo de uma forma descoordenada. Até porque o avanço da doença está afetando as regiões e os estados de forma completamente diferente”

Luísa ainda explica que o cenário do setor para o Brasil pode ser mais incerto do que em outros países e que as companhias que atuam no país devem ter uma retomada ainda mais lenta na comparação.

“Algumas companhias aéreas retomam lentamente seus voos, mas aqui no Brasil [a situação] é mais complicada, pois não sabemos a exata proporção da pandemia e acreditamos que existe uma subnotificação. Logo, as companhias aéreas aqui no Brasil devem demorar um pouco para retomarem suas atividades”

As preocupações em mundo pós-pandemia

Para os usuários do Viajala no Brasil, no Chile e no México, a principal preocupação na hora de voltar a viajar para o exterior é financeira, enquanto colombianos e peruanos se mostraram mais apreensivos com a saúde. Os argentinos apontaram as condições da viagem como o maior receio.

Brasileiros, chilenos e mexicanos alegaram que a própria situação financeira é a principal preocupação (34%, 37% e 42%, respectivamente).

No Chile e no México, o receio é também de que pontos turísticos e serviços no destino não estejam funcionando normalmente (23% cada), enquanto no Brasil o temor é pela cotação do dólar e de outras moedas estrangeiras preocupa cerca de (17%).

Fora a preocupação dos viajantes e turistas, Luísa ainda explica que a situação, ainda que calamitosa para o setor como um todo, tende a afetar o lado mais frágil das operações: como as empresas de aviação low-cost e as pequenas agências de viagem e turismo.

“Pensamos muito em companhias aéreas gigantes, mas as pequenas empresas do setor, como agências de turismo menores, sofrem esse golpe de uma forma mais dura, já que possuem menos estrutura para aguentar uma crise dessas”

Luísa afirma que essa lenta retomada do turismo pode acabar estrangulando outros setores que dependem direta ou indiretamente das viagens e dos turistas – como a hotelaria e locais dependentes do turismo – e que um cenário de falência para diversas companhias que dependem do setor aéreo e de viagens não seria uma surpresa e explica a executiva.

“Empresas devem quebrar e parar de operar, já que não é uma crise normal para o setor. é uma crise sem precedentes para nossa geração. Da noite pro dia, os negócios param de operar porque a demanda desaparece, as pessoas deixam de viajar”

“A retomada tende a ser devagar, pois é o único cenário possível, já que o normal do turismo envolve aglomeração, é muita gente mo avião, no ônibus, em pontos turísticos, e isso está fora de cogitação no momento. Teremos que nos adaptar ao novo normal”
Compart.

MARIO PINHO

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