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Parlamentares defendem demissão de chefe da Secretaria de Comunicação


Empresa de Fábio Wajngarten receberia dinheiro de agências e emissoras contratadas pelo governo

Parlamentares pedem a saída de Fábio Wajngarten do comando da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). A defesa é feita após a Folha de S.Paulo revelar que empresa da qual o chefe do órgão é sócio recebe dinheiro de agências e emissoras contratadas pelo governo. 

O PSOL da Câmara dos Deputados afirmou que entrará com ação popular na Justiça para pedir a revogação da nomeação do secretário. Ele assumiu o cargo no governo Jair Bolsonaro em abril de 2019. Além disso, o líder do partido na Casa, Ivan Valente (SP), disse que irá ingressar com representações na Comissão de Ética Pública e no Ministério Público.

A legislação brasileira proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. A prática implica conflito de interesses e pode configurar ato de improbidade administrativa, caso demonstrado o benefício indevido. Entre as penalidades previstas está a demissão do agente público.

Líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP) disse que, pelas conclusões tiradas por ele a partir de comunicado divulgado pela Secom após a publicação da reportagem, não há ilegalidade. Ele afirmou que a discussão pode girar em torno da moralidade.

— Pela nota (da Secom), os contratos são antigos e não foram renovados e ele se afastou da empresa. Pela legislação, não há nada ilegal — disse. — O governador de São Paulo, João Doria também se afastou de empresas que era dono, transferindo aos filhos, e essas empresas continuam com contratos com entes públicos — acrescentou.

— Tentei pegar o Doria nisto, mas não há ilegalidade. Pode se discutir no campo da moralidade, mas não ilegalidade — completou o senador, adversário do governador tucano.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, Wajngarten se mantém como principal sócio da FW Comunicação e Marketing, com 95% das cotas da empresa. A nota da Secom afirmou que o secretário se afastou apenas da administração da empresa. Além disso, o texto, ao contrário do que disse Olímpio, não afirmou que os contratos não foram renovados, mas que eles ainda estão em vigor. "Os contratos são anteriores, já existiam, não sofreram reajustes nem foram ampliados", afirmou trecho do comunicado.

O líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que vai convocar o secretário para depor na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor. Ele afirmou ainda que apresentará notícia-crime na Procuradoria-Geral da República (PGR).

— Não é um governo que combate a corrupção, mas que é cúmplice dela. Quando ele (Bolsonaro) falava em acabar a mamata, era a mamata dos outros — disse Randolfe.

— Este é um presidente que acoberta denúncia de corrupção — afirmou o senador, lembrando que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi mantido no cargo por Bolsonaro.

Ainda sobre o chefe da Secom, o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), também defendeu a demissão de Wajngarten. Caso isso não ocorra, ele afirmou que, assim que o Congresso voltar aos trabalhos, em fevereiro, vai apresentar requerimento convocando o secretário a prestar esclarecimentos ao Senado.

— É um caso explícito de interferência para ajudar esta empresa. Não há como negar tráfico de influência explícito — afirmou o senador. — Casos como esse atingem a principal bandeira do presidente, o combate à corrupção. Se o presidente não sabia e passou a saber agora, é caso de demissão — defendeu.
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MARIO PINHO

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