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Para 72% dos empreendedores negros, abrir um negócio próprio é mais vantajoso do que estar no mercado de trabalho



Pesquisa Estudo do Empreendedorismo Negro No Brasil, mapeou quem são e quais são os principais desafios dos afroempreendedores no país, quebrando o estereótipo do empreendedorismo por necessidade


Conhecer o perfil, entender o cenário do empreendedorismo negro e mapear o potencial dos mais de 14 milhões de afroempreendedores no Brasil, para desenvolver soluções que apoiem e impulsionem este ecossistema foi o objetivo da pesquisa Estudo do Empreendedorismo Negro No Brasil, divulgada nesta quarta-feira, 04/12. O levantamento inédito, encomendado pela PretaHub, aceleradora do empreendedorismo negro no Brasil, em parceria com a Plano CDE e a JP Morgan, entrevistou 1.220 pessoas em todo país, entre julho e setembro de 2019.

Para o estudo, foram ouvidos 918 empreendedores negros e 302 brancos, de todas as classes sociais, entre 18 e 70 anos. Segundo a pesquisa, os afroempreendedores estão divididos em três perfis: necessidade, vocação e engajamento.

Necessidade: Motivados a empreender muitas vezes por necessidade ou situação de desemprego. A decisão de iniciar o negócio passa pelo incentivo de familiares e amigos, que muitas vezes são parceiros de trabalho. A maioria ainda não é formalizada, mas pretende se formalizar futuramente.

Vocação: Familiaridade com a atividade e desejo de ser autônomo, às vezes somados a dificuldade em se adequar no mercado de trabalho. A maioria é formalizada (possui registro MEI) por necessidade de estabelecer contratos de prestação de serviços.

Engajamento: Desejo de empreender, muitas vezes somado à vontade de exercer atividade auto afirmativa, voltada para o público afro. A maioria é formalizada (possui registro MEI)

Para chegar a esse resultado, foi realizada uma imersão etnográfica para a compreensão detalhada dos desafios dos três perfis encontrados. Dentro desta segmentação, 35% dos entrevistados empreendem por vocação, 34% por necessidade, 22% por engajamento e 9% apresentam perfil misto.


"Várias instituições pesquisam o mercado de empreendedorismo negro e a forma de viver e consumir desta população. Mas será que é para desenvolvê-lo da forma que a gente faria, de uma maneira que faça real sentido para nós? Esta segunda edição da pesquisa aposta em um trabalho feito de preto para preto. Mapeamos toda essa potência empreendedora para buscar, juntos, as melhores soluções, sempre com objetivo de mudar a chave do empreendimento por necessidade para um empreender por oportunidade de negócio", explica Adriana Barbosa, CEO da PretaHub e presidente da Feira Preta.

Quem são os empreendedores negros?

Segundo o levantamento, entre os empreendedores negros entrevistados, 81% se identificam como pardo/mulato, e 18% como negro; 52% são mulheres; 40% deles estão no Sudeste; 31% no Nordeste; 12% Centro-oeste; 11% no Norte e 6% no Sul; 48% tem até o ensino médio completo, 37% possui renda entre R$ 2.000 e R$ 5.000 e mais da metade (72%), considera abrir um negócio próprio mais vantajoso do que estar no mercado de trabalho.

Entre as pessoas que empreendem por necessidade, 46% abriram um negócio próprio por falta de emprego e 83% não possuem funcionários ou parceiros. 51% das pessoas do perfil vocação sempre quiseram empreender, 85% viram sua renda crescer e 95% têm planos de evoluir o seu negócio e ampliar a empresa em um ano. Para 31% dos engajados, a maior qualidade como empreendedor é a articulação de sua cultura e seus produtos e 36% trabalham com negócios ligados à inovação.

"A pesquisa destaca a heterogeneidade dentro do afroempreendedorismo e traz dois novos perfis desses donos de negócios, quebrando o estereótipo do empreendedorismo por necessidade. Hoje, no Brasil, o negro empreende, em sua maioria, pelo desejo de ser autônomo e se auto afirmar, diversificou suas áreas de atuação, registrou aumento na renda e mais da metade desses empreendedores tem seu negócio formalizado e deseja vê-lo crescer nos próximos anos. O cenário é bastante positivo", avalia Breno Barlach, gerente de projetos da Plano CDE.

Desafios

Acesso a crédito, gestão financeira e falta de apoio no planejamento e gestão do negócio aparecem como os principais desafios enfrentados por esses empreendedores: 32% já tiveram crédito negado sem explicação, 88% são os únicos responsáveis pela gestão financeira do negócio e a maioria deles conta apenas com recursos próprios ou de seus familiares para investirem.

Outros dados:

• 58% dos empreendedores separam o dinheiro do negócio do orçamento da casa. Entre aqueles que empreendem por necessidade, o número se inverte: 57% organizam o dinheiro do negócio junto ao da casa.

• Apenas 3% acreditam que a dificuldade de acesso a crédito esteja ligada a questão racial;

• As redes sociais são a principal ferramenta de venda desses empreendedores. 45% utilizam o WhatsApp; 32% fazem uso de outras redes, como Instagram e Facebook, e menos da metade investe na comercialização via e-commerce (21% Sites/Blogs próprios; 20% Marketplace);

Desde o ano passado quando lançou sua primeira pesquisa, a Pretahub, tem o objetivo de entrevistar consumidores e empreendedores em todo o Brasil, com foco no desenvolvimento desses empreendimentos.

O estudo completo está disponivel neste link:
http://drive.google.com/file/d/1GnwdImOWngqmriBukMRfgityOC37IP7c/view?usp=sharing
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Jornalismo Revista Fácil

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