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Crítica: "Cemitério Maldito" traz a dor da perda de forma aterrorizante






Sem sombra de dúvidas, Stephen King é um dos grandes especialistas em explorar a dramaticidade dos personagens em suas histórias. O terror existente na literatura de King, embora vasto na execução, tem elementos bem recorrentes. Em sua grande maioria, envolve crianças e isso não é por mero acaso. Do ponto de vista infantil, qualquer sombra pode se tornar um monstro. Do ponto de vista adulto, é perturbador ver o mal dominar um ser inocente. Esse incômodo, independente de onde ele venha, é a essência de tudo o que há de mais terrível em “Cemitério Maldito”.

Em uma sessão exclusiva, assistir a nova versão do filme que estreia no dia 9 de maio nos cinemas brasileiros. Já adianto que o remake eleva a história original a outro patamar e entrega um bom longa aterrorizante, e diferente da adaptação de 1989 que teve baixo orçamento, percebemos que essa nova versão não poupou nos gastos e utilizou todos os adereços possíveis para assustar.

Família Creed durante o início da história - Foto: Paramount Pictures

A história acompanha a família Creed, que se muda para uma nova casa nos arredores de Chicago. O local é perfeito, apesar dos inúmeros caminhões que vivem fazendo barulho na estrada e do misterioso cemitério no bosque atrás da casa. Quando o gato da família morre atropelado, eles o enterram em um cemitério indígena que tem o poder de ressuscitar o que for deixado naquele terreno, mas as consequências são inimagináveis.

Dentro do enredo, nada acontece por acaso ou sem drásticas consequências. O gato ressuscita e começa a demonstrar sinais de raiva compulsória e um comportamento perturbador, como se não fosse mais o dócil companheiro da família. Ele até mesmo participa indiretamente da chocante morte de Ellie (Jeté Laurence), a filha mais velha do casal, cujo atropelamento os coloca em um ciclo quase claustrofóbico de pesar e loucura. É claro que, dentro da atmosfera literária, os temas psicológicos aparecem com mais força e, ainda que o roteirista Jeff Buhler tenta trazê-los para o roteiro, tal parcela acaba se perdendo durante a transcrição.

A atriz Jeté Laurence no papel de Ellie Creed
Quero parabenizar a todos os envolvidos na preparação de elenco do filme, principalmente aqueles que construíram tão bem a atriz Jeté Laurence, que interpreta Ellie Creed. A pequena rouba as cenas quando está como sua versão morta viva, ela eleva o patamar do longa de uma forma inexplicável. Você até pode pensar… Nossa como uma criança consegue causar tato estrago? Mas as cenas correm em um ritmo tão rápido, que você acaba esquecendo de se perguntar novamente.

Jason Clarke, que interpreta o pai, tenta ser demais e acaba se perdendo no seu personagem Louis, ele é futíl e se subestima a todo momento, com reações subversivas, que não completam seu personagem, só deixam ele mais egocêntrico. Já Amy Seimetz como Rachel tenta apresentar um lado sombrio da personagem e se flagelar pelos acontecimentos passados.


Com as dores da perda e a dificuldade de saber lidar com a morte sendo os temas centrais, o remake de "Cemitério Maldito" traz um terror que funciona super bem por conta da excelente introdução que tivemos referente a família principal. As cenas noturnas no cemitério são angustiantes e o ataque final tem uma belíssima execução, que supera em peso o primeiro filme de 1989.

Nota 9,0

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Jefferson Victor

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