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Cinco Fortes de Salvador são indicados para concorrer ao título de Patrimônio Mundial pela Unesco



Farol da Barra em Salvador


Os Fortes Santa Maria, São Diogo, São Marcelo, Santo Antônio da Barra (o Farol da Barra) e Nossa Senhora de Monte Serrat foram indicados para concorrer ao título de Patrimônio Mundial, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), junto com outras 14 fortificações espalhadas pelo Brasil.

 Os equipamentos, selecionados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), compõem o Conjunto de Fortificações do Brasil.

Para conquistar o reconhecimento, os Fortes devem atender a uma série de diretrizes, a exemplo da garantia de promoção do uso sustentável e a conservação do local; além da preservação da memória e o estímulo ao turismo cultural.

Com o objetivo de contribuir para a elaboração do Plano de Gestão desses equipamentos e, consequentemente, conquistar o reconhecimento da Unesco, o Secretário Municipal de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco, foi a Recife, Pernambuco, participar do Seminário Internacional sobre Gestão de Fortificações no Brasil – Perspectiva para o Patrimônio Mundial, realizado entre os dias 4 e 7 de abril. 

No último dia do evento, o gestor apresentou a experiência de restauração e implantação dos espaços culturais nos Fortes Santa Maria e São Diogo, que tiveram um investimento de cerca de R$ 5,3 milhões.

“Vamos avançar ainda mais para ampliar a rede das fortificações de Salvador, com a incorporação de outros equipamentos, como o Forte São Marcelo, sempre em parceria com o Exército, a Marinha do Brasil e o Iphan”, afirma Tinoco. Vale ressaltar que a capital baiana tem a maior quantidade de Fortes indicados ao Conjunto de Fortificações.

Diretor de Departamento de Articulação e Fomento do Iphan e coordenador da proposta, Marcelo Brito explica que a escolha dos equipamentos é resultado de um estudo que começou em 2008 e que tem como argumento principal a importância dos Fortes para a construção do país, levando em consideração a relevância dos equipamentos na delimitação das fronteiras, da defesa da Costa e da fundação das capitais.

“A candidatura do Conjunto de Fortificações é singular no mundo, porque reúne 19 Fortes – um envolvimento de 10 estados brasileiros. Para a candidatura ser exitosa, precisaremos ter agilidade de trabalho e articulação para desenvolver um plano de gestão que atenda todas as exigências. Mas trará visibilidade cultural e turística para o Brasil, sobretudo porque não há nenhum bem seriado no mundo apresentado desta forma”, analisa Brito.

Os outros 14 Fortes selecionados ficam localizados em municípios do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rondônia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Campo Grande, e Amapá.

Fortes de Salvador

Até o início do século 19, Salvador era uma das cidades mais bem fortificadas do mundo. Atualmente, esses equipamentos carregam parte da história da capital e servem como pontos turísticos cheios de curiosidades e atrações.

“Salvador tem o privilégio de ter a segunda maior Baía do mundo e uma extensão de Orla de aproximadamente 50 km. Além de uma riqueza cultural enorme entorno das histórias desses fortes. Não à toa, o reconhecimento do Iphan em selecionar cinco equipamentos da cidade para compor o Conjunto de Fortificações do Brasil”, frisa Tinoco.

No ano passado, a Prefeitura de Salvador investiu cerca de R$ 5,3 milhões para reformar os Fortes Santa Maria e São Diogo. Junto com a revitalização, o Executivo implantou os espaços culturais Pierre Verger da Fotografia Baiana e Carybé de Artes para movimentar ainda mais a capital baiana.

A propriedade dos equipamentos é da União, mas a administração está sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), que promoveu, por meio de exposições e eventos culturais, a visitação de 17.554 pessoas aos fortes, entre maio de 2016 a fevereiro deste ano - 10.893 no Forte Santa Maria e 6.661 no Forte São Diogo.

É possível visitar os fortes todos os dias da semana - exceto as terças-feiras -, das 11h às 19h. A entrada custa R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia (idosos e estudantes) - crianças de até 6 anos estão isentas de taxa. O ingresso dá direito a visitação de ambos os Fortes. Nas quartas-feiras, o acesso é gratuito. Escolas públicas têm gratuidade em qualquer dia da semana, com agendamento prévio.
 
Conheça os Fortes

Forte Santa Maria: Localizado no Porto da Barra, a construção foi erguida em 1614 e reconstruída, em alvenaria de pedra e cal, em 1696. Junto com os Fortes São Diogo e Farol da Barra, constituiu um comando unificado e cruzava fogo em defesa do porto Vila Velha – a tríade defensiva rechaçou em 1638, o assalto das forças neerlandesas, sob o comando do Conde Maurício de Nassau. De propriedade da União, o equipamento abriga o espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana e é administrado pela Prefeitura de Salvador.

Forte São Diogo: O equipamento, que está localizado ao lado direito da Praia do Porto da Barra, impedia o desembarque de inimigos no acesso ao sul de Salvador, Cidade Baixa. A construção foi erguida entre 1609 e 1613, mas só em setembro de 1722 foi inaugurada, quando passou a contar com sete peças de artilharia. Atualmente, o Forte abriga o espaço Carybé de Artes e é administrado pela Prefeitura de Salvador.

Forte Santo Antônio da Barra (Farol da Barra): Um dos principais cartões postais da Bahia, o Farol da Barra foi erguido em 1534, sendo considerado a mais antiga edificação militar do Brasil. Este é o primeiro farol do país e o mais antigo da América do Sul - foi construído após o naufrágio de várias embarcações na região. O equipamento, tombado pelo Iphan em 1938, foi peça importante na luta contra os holandeses e na guerra da Independência. Atualmente, é propriedade da União e administrado pela Marinha do Brasil.

Forte São Marcelo: Localizado na Baía de Todos-os-Santos, o Forte São Marcelo era popularmente conhecido como Forte do Mar, devido à sua localização. O equipamento foi um dos mais importantes pontos de proteção do porto. Erguido a 600 metros da encosta, a construção já foi alvo de ocupações, enfrentou batalhas decisivas contra os corsários e serviu como prisão para estudantes indisciplinados e importantes personagens históricos, como o líder da Revolta dos Alfaiates, Cipriano Barata e o general farroupilha Bento Gonçalves. Hoje, a Prefeitura de Salvador estuda, junto ao Iphan, a destinação do equipamento.

Forte Nossa Senhora de Monte Serrat: Localizado da Rua da Boa Viagem, na Ponta de Monte Serrat, o forte oportuniza uma das mais belas vistas do pô do sol na cidade. Este é considerado uma das melhores obras militares do Brasil Colônia. Isso porque tinha um grande poder ofensivo entre 1591 e 1602, além de impedir o desembarque dos holandeses em 1624. Já em 1837 foi tomado pelos combatentes da Sabinada, mas foi recuperado pelas tropas imperiais no ano seguinte. O equipamento foi reformado em 1926, conservando todas as características originais. 
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