Postado em 25 de janeiro de 2017
Por Ricardo Hida*
Seria uma injustiça não falar de São Paulo, hoje, nesta coluna que trata de destinos.
São Paulo é um enigma. Uma cidade que recebe críticas de todo mundo, mas continua sendo a mais populosa do país e onde (quase) tudo acontece. E quando se fala em população, me arrisco em dizer que mais da metade dos paulistanos não nasceu na metrópole e, sim, adotou a cidade. Não tem praia, nem grandes belezas naturais, mas é a capital que mais acolhe turistas no Brasil, um País repleto de paisagens deslumbrantes.
E não é apenas o turismo de negócios que movimenta a indústria. Embora as feiras, salões, reuniões de negócios tragam milhões de pessoas, a capital paulista se tornou também centro de compras e eventos culturais, religiosos, esportivos e artísticos.
Apesar de Vinícius dizer que a cidade é o túmulo do samba, São Paulo deu de os ombros e resolveu construir um sambódromo, acolher os blocos de rua, receber centenas de botecos com samba de roda, rainha e vela. O resultado é que a terra de Adoniran também entrou para o ranking de cidades em que o Carnaval também movimenta turismo.
Shows, musicais e exposições. De arte e de promoções. O MASP, assim como a Pinacoteca, já chegou a juntar filas maiores que aquelas vistas nos caixas da 25 de março, tradicional rua de comércio popular. Aliás fazer compras em São Paulo exige preparo físico de atleta e atenção maior que o dos pilotos que correm em Interlagos.
Por falar em esportes, o maior estádio do País pode até estar na Cidade Maravilhosa, mas o maior museu de futebol está na Terra da Garoa, assim como a maior torcida organizada: orgulhosa e fiel e de si. Recebeu a Copa e, de quebra, muita gente que viu a festa que o paulistano faz também quando a bola entra na rede.
Festa é palavra chave quando se fala em São Paulo. Muito se engana quem pensa que o paulistano só quer saber de trabalho. Quer saber de comer e bem. Depois do jantar, à noite, a cidade vibra, dança, bebe e celebra a vida. O cidadão sabe que não basta ganhar dinheiro, tem de saber gastá-lo com amigos, sejam eles sertanejos, sambistas, punks ou roqueiros.
São Paulo sabe que festa também pode acontecer durante o dia. E na avenida mais movimentada do País. E sabe também que a diversidade que a fez crescer é seu maior patrimônio. Assim, conseguiu organizar a maior parada gay do planeta, na mesma semana em que evangélicos celebram sua fé com outra megamanifestação.
Mega. A cidade é mega em tudo que se propõe a fazer. Caetano disse que via a deselegância discreta das meninas de São Paulo. Mais uma vez, São Paulo ignorou as críticas e resolveu realizar, em um País sem tradição fashion, uma das maiores semanas de moda do mundo.
São Paulo se transforma, dia após dia. Mas uma coisa continua igual à canção de Caetano: o sentimento de cruzar a Ipiranga com a avenida São João. Inexplicável.
Parabéns, São Paulo!
*Ricardo Hida é formado em administração pela FAAP e pós-graduado em comunicação pela Cásper Líbero. Foi diretor da H&T Eventos, executivo de vendas na Air France-KLM, gerente de marketing na Accor Hospitality e diretor adjunto do Escritório de Turismo da França no Brasil. Atualmente é CEO da Promonde. Dirigiu a comissão de turismo da Britcham e CCFB e foi diretor da ABRAT-GLS entre 2007 e 2009.
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