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A sinceridade, o espelho e os reflexos



Nesta segunda-feira o presidente do Ilhéus Convention Bureau, Luiggi Massa, foi o entrevistado de uma emissora de televisão regional. Não poupou queixas à condução do turismo na cidade. Aproveitou o microfone aberto para criticar a “falta de educação da população”, para tacar pedras na administração pública e lamentar a queda nos índices de ocupação da rede hoteleira que, segundo a emissora, cairam, em média, de 100 para 60 por cento, mas que para ele, hoje, foi estrategicamente "importante" jogar ainda mais pra baixo, afirmando que não passam de 30 por cento se comparado a números de anos anteriores no período da alta estação.

O empresário e hoteleiro só esqueceu de fazer a sua mea culpa. Como presidente do Convention Bureau cabe justamente à ele “vender” a cidade “lá fora” e ampliar a capacidade de Ilhéus atrair investidores e visitantes, fomentando eventos e valorizando o que a cidade tem de bom para mostrar ao turista. Tem feito isso? Viajou quando? Visitou quem? Se olhou no espelho antes de sair para a entrevista?

Turismo não se faz apenas com iniciativas do setor público. É preciso que a rede hoteleira, a iniciativa privada, também façam a sua parte, pagando impostos, oferecendo bons equipamentos e ampliando a sua capacidade de divulgação externa com folhetos que mostrem a cidade e, paralelamente, ofereçam equipamentos de conforto e lazer a quem interessar possa.

O município – qualquer que seja a administração – de fato precisa melhorar a estrutura e a divulgação, além de oferecer um calendário de eventos consolidado. Mas não pode fazer sozinho. A fala do presidente do Ilhéus Convention Bureau em nada ajudou o turismo da cidade, nem tampouco serviu para atacar o governo municipal (se era essa a sua intenção) ou serviu para justificar a inoperância das nossas entidades representativas. Se atacou a alguém, atacou a própria cidade e a sua gente.

Decididamente, não foi legal.

O fato é que o turismo precisa de uma ação conjunta dos setores público e privado. Os dois lados ostentando a bandeira branca da paz, com um discurso homogêneo e um projeto que não precisa ser único mas é fundamental que seja compartilhado.

Porque hoje, enquanto o empresário destilava sua "sinceridade", a Central de Atendimento ao Turista, localizada na área histórica da cidade, encontrava-se fechada durante toda a tarde.

O "conjunto da obra" acontecia justamente enquanto milhares de turistas, oriundos de um Transatlântico que aportou em Ilhéus, ficava sem informações, sem conhecimento da cidade e sem opções de lazer e diversão.

Ficavam, infelizmente, a ver navios.

Pobre Ilhéus.


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MARIO PINHO

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