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Por que quase todos os aviões são brancos ?



Na próxima vez que estiver em um aeroporto, dê uma olhada nos aviões estacionados e repare que há uma falta de empolgação na pintura das aeronaves. Cores chamativas e desenhos cheios de estilo são quase uma raridade nos aeroportos de todo o mundo. Não importa a nacionalidade ou a companhia aérea, os aviões atuais têm sempre a mesma característica: são quase todos brancos.

A escolha da cor da pintura dos aviões, no entanto, vai muito além de questões de criatividade. O predomínio do branco está muito mais relacionado a aspectos técnicos e de economia de recursos financeiros do que propriamente estéticos.


Pátio do aeroporto de Viracopos, em Campinas, com aviões da Azul (Foto: Divulgação)

Troca de calor

O primeiro ponto está relacionado com o calor. É que o branco é a cor que mais reflete os raios solares. Qual camiseta seria mais apropriada para um dia do sol escaldante, uma branca ou uma preta? É esse mesmo princípio utilizado nos aviões.

Para manter a temperatura interna ideal quando o avião está no solo, é necessário acionar um motor auxiliar chamado de APU (Unidade de Potência Auxiliar, na sigla em inglês). Para funcionar, claro, a APU consome combustível. Em um ambiente que não esteja superaquecido, esse consumo é menor. E o departamento financeiro das companhias agradece.


Os aviões da Latam com a nova pintura utilizada pela empresa (Foto: Divulgação)

Visibilidade

A pintura branca dos aviões também agiliza o trabalho de manutenção e aumenta a segurança das operações aéreas. É que o branco aumenta a visibilidade de rachaduras, vazamentos de óleos e corrosões, que podem ser identificados com muito mais rapidez.

Além de evitar problemas mais sérios, quanto antes um dano for reparado, menor deverá ser o custo do conserto. Há também a questão do tempo. Com inspeções mais rápidas, o avião precisa ficar menos tempo no chão. E avião no chão é dinheiro perdido para as companhias.


Avianca é mais uma companhia que segue a tendência de ter aviões brancos
 (Foto: Divulgação)

Custo da pintura

Pintar um avião é algo bastante caro. Estima-se que, dependendo do modelo e tamanho do avião, o valor deve variar entre US$ 50 mil (cerca de R$ 170 mil) e US$ 200 mil (cerca de R$ 680 mil). Isso sem contar o tempo que o avião tem de ficar parado no hangar.

Manter um avião branco com aspecto de novo é muito mais fácil do que evitar que uma pintura colorida se desbote. Por mais que seja somente uma questão estética, muitos passageiros ficariam com medo de entrar em um avião com cara de malcuidado.

Gol mudou os elementos gráficos, mas o predomínio do branco segue intocável (Foto: Divulgação)

Peso do avião

Camadas extras de tinta aumentam o peso do avião, que passa a consumir mais combustível e a gerar prejuízo. A Airbus calcula que um A380 leve 531 kg de verniz e base para a tinta, e 650 kg no total com todas as camadas de pintura. Novamente, o branco leva vantagem nessa questão.

Cores claras exigem uma camada mais fina de pintura, consequentemente menos uso de tinta e um avião mais leve. Já as cores escuras exigem mais camadas para atingir o tom ideal.


O padrão é utilizado por companhias de todo o mundo, como a Qantas
 (Foto: Divulgação)

Valor de revenda

A cor dos aviões nem sempre é uma decisão exclusiva das companhias aéreas. Boa parte da frota das empresas é adquirida por meio de leasing. Quando acaba o contrato com uma companhia, o real proprietário do avião quer repassar aquela aeronave o mais rápido possível para outra empresa. 

Toda a negociação fica mais fácil quando o avião já vem nas mesmas cores de seu futuro operador. O mesmo acontece quando a empresa é a proprietária do avião. Quando quiser revender a aeronave, o valor de mercado será maior.

O padrão é visto até mesmo nos jatos executivos (Foto: Divulgação)

Estratégia de marketing

Em muitos casos, porém, as companhias deixam a lógica um pouco de lado por uma questão de marketing ou até mesmo por patrocínios.

Durante a Copa do Mundo de 2014, por exemplo, a Gol chamou os artistas plásticos Otávio e Gustavo Pandolfo, da dupla Osgemeos, para pintar um Boeing 737-800 inteiro. O avião com visual único foi usado para transportar a seleção brasileira pelo país.

Por Vinícius Casagrande
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MARIO PINHO

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