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Brasileiros 'evitam' poupança

Foto: Divulgação

Mês a mês cresce a retirada de dinheiro na caderneta dos brasileiros, devido a queda na renda e no desemprego. O brasileiro tem que pagar as contas em consequência do aumento do custo de vida, e por isso a poupança fica com baixa rentabilidade.

O Banco Central informou nesta quarta-feira (6), que as retiradas de recursos da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$42,6 bilhões no primeiro semestre deste ano. Desde 1995, foi a maior perda de recursos para este período desde o início da série histórica.

O dentista Alexandre Moura Serrano, de 27 anos, optou por tirar todo o dinheiro da poupança, pois viu que seu dinheiro estava rendendo abaixo da inflação. Ele conta que tinha poupança desde os 18 anos, quando abriu sua conta universitária, e sempre teve o hábito de guardar uma parte do salário.

“Decidi tirar o dinheiro da poupança para colocar em outro investimento por uma questão de rendimento. Nunca deixei muito dinheiro na poupança pelo fato de o rendimento ser baixo, mas sempre a usei para guardar uma quantidade mais significativa e depois passar para outro investimento mais rentável, como fundos de investimento. Porém, da última vez, pelo fato de a inflação estar muito alta, optei por tirar tudo da poupança para colocar em outro lugar mesmo não sendo uma quantia muito alta”, explica.

Serrano colocou o dinheiro em um CDB. Foi a primeira vez que ele retirou todo o dinheiro da poupança. Além do CDB, ele tem um título do Tesouro Direto. 

Ele pretende manter o dinheiro na nova aplicação. “O prazo do meu CDB acaba no próximo ano e devo abrir outro assim que acabar. O rendimento foi satisfatório e não é um dinheiro que eu pretendo usar em nenhum momento próximo.” disse Serrano.

Fatores

De acordo com o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, contribui para essa retirada recorde a elevação da taxa básica de juros, que aumentou a rentabilidade das aplicações financeiras em títulos públicos como fundo de renda fixa, CDB e tesouro direto em detrimento a uma menor rentabilidade da poupança. A taxa Selic está em 14,25% ao ano (o maior nível em 10 anos).

"Outros fatores são inflação elevada, juros elevados e aumento de encargos e impostos, que reduzem a renda das famílias e dificultam o orçamento. O crescimento nos índices de desemprego também contribui com o aperto para pagar as contas. Assim, menos recursos sobram mensalmente das famílias para pouparem e muitas são obrigadas a resgatar seus investimentos para complementar a renda e conseguir pagar os compromissos", diz Oliveira.

Para o especialista, para os próximos meses, a tendência é de que a redução no volume dos depósitos da poupança se acentue, agravando ainda mais em um ambiente econômico mais recessivo, com a elevação nos índices de desemprego e de inadimplência.

Poupança pode ser boa opção

Apesar do baixo rendimento, especialistas avaliam que a caderneta de poupança ainda pode ser uma boa opção, mas somente em poucos casos. Por exemplo: para pequenos poupadores (com pouco dinheiro guardado), para pessoas que buscam aplicações de curto prazo (poucos meses) ou que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências.

A vantagem da poupança em relação a outros investimentos é que não incide Imposto de Renda sobre a aplicação.

Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto (programa do governo de compra de títulos públicos pela internet) há cobrança do IR e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.

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Equipe Redação

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